O Evento
Resumindo, este acontecimento anual, lançado por António Malvar (http://www.ciclonatur.com/) há uns anos atrás, consiste em subir a Serra da Estrela pelas 3 principais entradas (Covilhã, Manteigas e Seia).
Começa com o troço Covilhã – Piornos (15km), desce para Manteigas, voltar a subir desta feita à Torre (20km), desce para Seia, e voltar a subir à Torre (30km), totalizando quase 120km com mais de 4000m de acumulado.
Se o ano passado, ou nos anos anteriores, se conseguiu juntar mais de 50 participantes para este “evento” naturalmente restrito, este ano, e talvez devido ao temporal da véspera, o grupo de ataque ao monte ficou reduzido a apenas 10 unidades, entre as quais 2 dos pioneiros do evento, Fernando Carmo (http://runinlisbon.blogspot.com/) e Nuno. O pioneiro dos pioneiros, Malvar, é que pela primeira vez não esteve presente. Julgo que por motivos profissionais. Mas a edição deste ano ficou oficializada.
Felizmente o tempo de véspera não se fez sentir, e o dia esteve perfeito para um percurso com estas características, tempo fresco, sem chuva e sem vento de maior.
O Convite
O convite para esta loucura, teve tanto de inesperado como de desafiante, e foi-me endossado pelo Fernando Carmo numa das comuns conversas nocturnas via msn. Inesperado, porque não fazia puto ideia que o Estrela da Estrela estava aí (aí = 1 semana e 2 dias), desafiante porque disse a frase proibida (“… epá se não fores… és a modos que um homossexual gay a descair para o bichona !”).
A Preparação
A Viagem
Para o caso de estarem para aí a pensar que me esqueci de descrever a preparação que fiz para o evento… não me esqueci! Mas também não tenho nada para colocar naquele capítulo, a não ser que a sessão de agachamentos que fiz no treino de natação do dia anterior possa contar como preparação específica!
A viagem como já vem sendo hábito, teve início às 3h00 da manhã do dia anterior a um evento, já que o Carmo tem a mania de ir levar os putos sempre a qualquer lugar, ás tantas da noites, no dia das viagens. E eu sei que é de propósito!... “Eu posso levar o carro, mas só estou despachado por volta das 2h45 da manhã, porque tenho de ir levar o Filho 1 ao Jardim Zoológico que parece que abre hoje excepcionalmente das 23h10 às 4h00, e depois a Filha 2 à festa do 3º Aniversário da equipa de Hóquei no Gelo do Clube Desportivo de Redovalho da Beira.
Combinamos na FPT, para que me pudesse trocar a cassete de estrada de 14 dentes, pela de BTT com 78 dentes, a fim de enfrentar a montanha com menos receio. Ficou impressionado com o nível de ímpar de limpeza da(s) minha(s) bike(s). Dizia ele que parecia um laboratório de farmácia, de tão esterilizadas que se encontravam.
Lá fomos nós madrugada fora, até ao Fundão, onde pernoitaríamos em casa de um individuo (http://pulmao.blogspot.com/) que mais tarde viria a constatar ser aparentado com um Urso acabado de acordar de uma hibernação sexual de 14 anos! Dormi com 27 cadeados na porta do quarto e meti o móvel a tapar a janela…
Acordados, juntou-se o Mariano (sósia do Cândido Barbosa), individuo de toada reservada, mas que quando abre a boca só saía bomba! Só rir! Tomamos o pequeno-almoço ainda no Fundão e rumámos à Covilhã.
Equipados e prontos na praça … qualquer coisa… aquela ali ao pé duns cafés, e que tem um parque de estacionamento onde os carros saem à vez de 10 em 10 segundos, esperávamos pelos restantes malucos. Como já passavam 5 minutos da hora até pensávamos que já tinham arrancado. Para além de nós 4, estava mais um benfiquista de BTT, que por sinal me havia de “papar” mesmo ali na parte que sobe!
O Cláudio Nogueira veio de cima, com mais 4 jovens, 2 prós de Évora, o Nuno (outro dos pioneiros), e outro amigo.
As Paredes
Saindo a frio da Covilhã, qualquer subida já seria feita com dificuldade. Mas não estamos a falar de uma qualquer subida… especialmente até ao Sanatório. São curvas e contra-curvas com uma inclinação superior ao ângulo máximo do pescoço! Nesta primeira parte o objectivo é não vomitar. Depois do Sanatório, a coisa acalma ligeiramente mas volta novamente a doer ao chegar perto das Penhas da Saúde.
Até aqui ainda ia a ver o pessoal, mas depois ao virar para baixo em direcção a Manteigas, fui aos poucos ficando para trás, graças por um lado à minha excelente técnica, e por outro aos meus abrandadores (dizer travões era estar a mentir) que não estavam nos melhores dias. No primeiro gancho em que foi necessário travar, fui quase ao rail oposto. Depois desse episódio decidi sossegar um pouquito.
Chegados lá abaixo, ainda tive tempo de cruzar as mudanças (pedaleira 89 com a roda 52 da cassete), o que fez com que ouvisse a corrente a dizer “Aiiiiiii que dói, mete óleo para facilitar…”. Tive de desmontar o guiador para poder puxar a corrente pelos travões…
De Manteigas já parti sozinho a partir da fonte, de propósito, para não ter de ir naquele ritmo louco que eles necessariamente tinham de impor se quisessem chegar ainda de dia vindos de Seia.
A subida novamente até Piornos é bem mais fácil do que a da Covilhã, mas como eu não tinha kms nenhuns nas pernas, até esta já custava.
O pior foi depois de Pior(nos), onde perto do túnel a inclinação passa abruptamente dos 15% para os 72% (ou será 72º vezes 5% a dividir pela soma dos catetos?!? Vaz ajuda aí… porque tu é que te meteste para aí a inventar…)
Até à Santinha fui a chorar estalactites de baba e ranho (ali já fazia algum frio), momento em que vejo descerem 2 anjos do céu (Vaz e Mariano) ,que passaram para baixo, e aos quais me juntei “para não ficarem à minha espera” ;)
Descida a fazer lembrar a volta a Portugal, mas a 33 rotações, muito engraçada de se fazer… com travões… com abrandadores fui a rever a minha infância a cada curva!
Pronto, o treino estava feito, cerca de 75km nas pernas com alguns metros de acumulado (1500 a 2000 suponho), suficientes para me abrir os olhos e começar a treinar à homem!
A espera
Enquanto esperamos que os restante fossem lá abaixo e voltassem (Seia – Torre), eu o Vaz e o Mariano aproveitamos para fazer umas séries de sandes de presunto no café da torre (Bem Boazzz que estavam). Depois descemos até à Lagoa Comprida para sacar unas fotos guapas (leia-se do sofrimento) dos restantes elementos.
Viemos da Lagoa à Torre em modo Volta a Portugal, com a carrinha do Carmo com portas de correr, toda esventrada, e o fotógrafo/realizador, moi men, todo ele de fora agarrado só pelo dedo mindinho a sacar um par de imagens épicas, com o sofrimento dos amigos como cenário.
A Parede
Eu já tinha referido que o Mariano era engraçado? Epá o gajo é um prato! Iamos nós, em plena cavaqueira dentro do carro, a descer da Torre para a Covilhã, já depois do Carmo ter conseguido o seu objectivo (dar 3), quando de repente vem à baila o tema recorrente dos carros com 4 homens lá dentro… as prostitutas!
Vai daí o Mariano, (para a esposa do Sr. Mariano, se estiver a ler este blog, em primeiro lugar espero que esteja melhor do estômago, e em segundo o Sr. Mariano garantiu-me que o que contou foi-lhe contado por um amigo, que tinha um inimigo a quem um senhor que esse inimigo não conhecia de lado nenhum lhe contou esta situação… nada de confusões!), como ia a dizer o Mariano conta que uns indivíduos foram a uma casa de meretrizes em Lafões (nome ao acaso) e que 2 amigos que estavam em divisões separadas do Bordel, tiveram a seguinte situação:
- O amigo 1 estava no quarto A, com a meretriz Y deitada de costas à beira da cama, enquanto o amigo 1 a possuía com relativa violência de frente.
- Já o amigo 2, que estava no quarto B, preferiu encostar a lambona Z contra a parede e dar-lhe de força por detrás.
Sucede que o amigo 2 estava naqueles dias de sede (faz-me lembrar alguém que tem um nome que começa por David e termina em Vaz) e não vai de modas, afinfa-lhe 3 bombadas que nas 2 primeiras desatarraxa os parafusos da parede, e a com a 3ª, toda ela com mais vigor, manda com a parede a baixo, ficando a lambona Z de quatro em cima da parede (agora soalho duplo)!
- O amigo 1 sem parar de afinfar na meretriz Y diz… “Atão pá!”… e segue com o seu plano de treinos…
Achei importante contar esta história!
O Regresso
Enquanto ainda regressávamos ao Fundão tivemos a notícia das vitórias mirabolantes dos nossos triatletas mais tenrinhos (Sub-23) em terras de Espanha, com o seguinte resumo:
3 Medalhas de Ouro e uma de Prata… IDE BUSCAR!
Tomámos banho, tomámos que é como quem diz. Tomei, e novamente com o armário da casa de banho à frente da porta… Estaria cansado sim senhor, mas os ursos quando acordam com fome vão buscar forças não sei onde… há que não facilitar!
Pizza maravilha numa pizzaria recente do Fundão ali para os lados da casa do Zé Parents, e regresso a Lisboa novamente feito de noite para aumentar o risco de acidente!
A Melancia
Os pais do Zé Parents ainda antes de sairmos do Fundão, ofereceram ao Vaz (como quem na cidade oferece um ovinho da Páscoa ao afilhado), uma melancia de 400kg.
O mestre da arrumação, o guru da logística organizacional, lembra-se de meter o “planeta terra à escala” mesmo ali à beirinha do porta-bagagens, a fazer lembrar os gajos que metem as granadas com aqueles fiozinhos na cavilha meeeeeeeeesmo quase a saltar…
Resultado: Assim que, em Lisboa, abro o porta bagagens PÃÃÃÃÃÃÃ!!!! Por pouco não fico com uns pés 68… Assim se destrói uma melancia recordista!
Para o ano lá estaremos para as 3 subidas ou 4 ou 5… que isto de inventar é de graça!
Mais info e imagens e videos em:
http://www.fernandocarmo.com/ e http://www.youtube.com/watch?v=qh0f65jdwXo&feature=related
2 comentários:
A parte das meretrizes é de chorar a rir!
Boa é também a preparação que fizeste... Livra! Depois daquilo tudo só sobes duas vezes????
:-D
Excelente crónica desportiva! Parabéns!
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