domingo, abril 27, 2008

LISBOA INTERNATIONAL TRIATHLON


F E N O M E N A L !!!
(dito com sotaque espanhol)



Objectivo Inicial: Abaixo das 5h30, com os parciais imaginários de 35' na natação + 3h na bike + abaixo das 2h na corrida

Resultado obtido: 4h35, com os parciais de 29' na natação + 2h29' na bike + 1h34' na corrida

Quase 1 hora abaixo do objectivo traçado. O que é que isto quer dizer? Quer dizer apenas uma coisa, que já tinha constatado várias vezes... Não sei definir objectivos! Claro!

Mas agora que já disse o óbvio, os resultados, vou passar ao que interessa: bastidores da prova e (falta de) preparação para a mesma, e ainda os pensamentos que assolam um "triatleta" ao efectuar tamanho esforço.



Preparação do Físico
Preparação específica nos últimos 2 meses (sem contar com os kms feitos com a participação nas provas de duatlo - Jamor, Lezírias, Cadaval e triatlo - Quarteira, Ribatejo e Zêzere):

Número médio de treinos semanais de natação = 1,8 (média de 45'/treino)
Número médio de treinos semanais de bicicleta = 0,6 (média de 1h15'/treino)
Número médio de treinos semanais de corrida = 1,5 (média de 50'/treino)

Perfazendo um assustador volume total de 10h de natação + 3h30' de bicicleta + 10h de corrida... em 2 meses :P

Com uma carga de treino deste calibre, percebo que seria de esperar ter lutado pelos lugares do pódio neste Triatlo Longo, mas a verdade é que estava um vento fortíssimo no parque de transição (entre os 30' e os 32' de prova) pelo que foi impossível sair com a leveza que se impunha...

Mas de treinos estamos falados! Nem mais, nem menos!


Preparação da Mente

Não existe! Ou se é um Ultra-Rambo como eu (apesar de me inscrever numa prova com o título de Meio Homem de um metal qualquer…) ou então, a partir da 2ª hora de prova, vão chorar mais do que a cortar cebola com os olhos!

Em alternativa, e para poderem gradualmente atingir os níveis de sofrimento deste tipo de provas, poderão ficar sem comer e sem dormir durante 47 dias tendo à frente um MacRoyal Cheese acabadinho de fazer, que por acaso está em cima de uma almofadinha de penas de ganso que por sua vez está por cima do colchãozinho de água…

De resto, em termos de triatlos de longa distância, este foi o meu…ora deixa cá ver... primeiro! no que toca a provas grandes, tinha feito no ano anterior o Olímpico de Aveiro sob chuva, e ainda um acalorado Duatlo Olímpico no Cartaxo. Depois tive mais alguns Sprints e Super-sprints e provas de BTT e corridas de estrada (10km a Meias-maratonas) - resumindo o meu passado aeróbico.


Preparação Logística

Esta é sem dúvida uma das preparações a que se deve prestar mais atenção. Caso se tenha que optar por uma das 3 preparações… esta é uma delas e as outras 2 também!

Encarar esta prova, não é o mesmo que encher o cantil de água com Isostar como fazemos quando vamos para um triatlo Sprint. Há que preparar o que usar, o que comer/beber, quando comer/beber, o que fazer caso aconteça algum imprevisto (eu por exemplo preparei-me para catástrofes desde bichos de conta a bloquear a saída do pacote de gel até grupos de miúdas da FHM a quererem apalpar por dentro o tecido do meu fato de triatlo em plena IC2)

Resumindo, para este prato são necessários:


Um par de sapatos de bicicleta


Um par de ténis de corrida
Um capacete


Um fato isotérmico


Uma câmara de ar e uns elásticos para prender os ténis na posição horizontal na bicicleta



Um par de óculos de natação + uma touca + 4 Gels da Decathlon + 2 barras Isostar + pomada para os pés + 2 pastilhas de BioElectra (Mg) + Creme Gordo para untar o corpinho


2 Bidons, ambos com água + 1 pastilha de BioElectra (Mg)

Acho que levei tudo o que era necessário, mas se fosse hoje teria levado em vez da barra, que não é tão prática em andamento, mais 2 gels para a bike e mais 1 para a corrida, para não ter de andar a parar para beber o Gatorade.


O semana anterior à prova
HIDRATOS DE CARBONO!
O que é que devo comer?
HIDRATOS DE CARBONO!
O quê???
HIDRATOS DE CARBONO!
Mas porquê?
HIDRATOS DE CARBONO!
Epá estava a perguntar porquê??!?
HIDRATOS DE CARBONO!

Ok ok isto encravou…

Bom… a verdade é que se perguntava a alguém se havia alguma coisa a fazer de especial em termos de alimentação, a resposta resultava invariavelmente em HIDRAT…MASSAS!!!

Daí que na 2ª feira, a seguir aos 40’ de natação durante a hora de almoço, espetei com um Bitoque dos bons!

“O que é que disseste? Bitoque não é Massas, pá!! (…) A séééério?! Não me digas… Epá, mas é que estava com fome, e eu com fome fico mais cego que o Romeu a ver a Julieta de saias lá debaixo da Varanda…, tive mesmo de ingerir qualquer coisa fixe, tipo bitoque! Massas não é fixe.“
E nessa semaninha foi sempre a comer com o pensamento “Tens de comer o que gostas porque podes não passar de Sábado!” na cabeça… Farinheiras à Braz na Terça, Chispalhada com Rissões de Gomas na Quarta, Tarte de BigMacs com molho de Feijoada na Quinta!


O dia anterior (aka The Green Mile)
Sexta-feira… lá completei a semana gastronómica com uma refeição à lá desportiste… Hidratos de Carbono com massas acompanhado de Fétutxini de Risotto! 15 Pratos dos fundos!!!

O que fazer no dia anterior ao julgamento? Nem é preciso pensar, já que a (E-X-C-E-L-E-N-T-E) organização tratou de pensar nisso por nós e convidou-nos a assistir a um breafing tri-lingue onde fiquei a saber que Bánánáz é Bananas em Espanhol, e não Platanos como muitos espanhóis erradamente costumam empregar…

Fiquei a saber que para além de ter de ir nadar, teria ainda de dar uma volta de bicicleta na auto-estrada e correr debaixo de um sol tórrido! Chamaram-lhe… Triatlo!

Acabado o discurso do Paulo Leite, dirigi-me a casa com o objectivo de preparar tudo para o dia seguinte, uma vez que alguém se enganou a escrever que o parque de transição abria às 5h30 e não teve coragem de emendar! obrigando-me então a fazê-lo no dia anterior!

Reuni o material que já referi em cima, e espetei tudo dentro do carro ainda não eram 10 da noite!

Descanso é o que se pede a um atleta de topo nos dias que antecedem estas provas, sobretudo as longas, com especial importância para o último dia e noite. Daí que, e estando eu já a stressar com o ter de arrumar a cozinha aquela hora da noite, tendo eu que me levantar antes dos homens do lixo, e dos padeiros…, sou abordado pela minha esposa que me diz:

“Epá deixa estar a cozinha que eu acabo isso…” – disse ela
“Ahhh… afinal ela ainda tem alguma réstia de humanidade, e vai deixar o guerreiro repousar o esqueleto” – pensei imediatamente
“… vai mas é aspirar rapidamente que já não são horas de fazer barulho!” - terminou ela a frase…

Parte de mim faleceu a seguir a essa frase… “Aspirar em que sentido?!? Cheguei-te a dizer que AMANHÃ tenho de percorrer o mundo terrestre e aquático em menos de 8 horas???” – balbuciei enquanto vertia uma ou duas lágrimas. Julgo ter notado um certo sorriso malicioso na cara da “humanitária” mas não consigo ter a certeza, já que levei com o aspirador na testa no exacto momento em estava quase a tirar a dúvida!

Uma coisa é certa, a medalha de ouro do Age-group [30-34 masculino que teve a aspirar a casa até às 11 e meia da noite] é minha!!! CHUUUUUUUUPAAAAAAAAA!!!!!

Com este episódio, que felizmente só se repete 1 vez por semana, lá me deitei às 00h13 com as costas feitas num oito!


Alvorada

Se parte de mim faleceu 3 parágrafos atrás, ela acabou por ressuscitar às 5h00 da manhã de Sábado dia 26 de Abril de 2008. Isto porque era o dia em que não me podia dar ao luxo de ir para a prova só com metade do cérebro, ou pior, ir com o cérebro todo… (é que eu deixo sempre em casa ¼ do cérebro para não me obrigarem a ir para a NASA, e deixar por isso de poder aspirar às sextas à noite)

Levantei-me de uma vez só, e fui cagar! Cagar não se diz que é feio, fui antes obrar… assim é mais fino! Mas fino no sentido de educado…, porque de esguia a obra não teve nada… a chamada carcaça!

Dali fui para mais uma dose de HIDRATOS DE CARBONO na forma de K’s, com leite magro e uma banana.

Vesti a licrinha azul e zarpei para o ric-móvel!

Chego ao Parque das Nações por volta das 6h00, e estaciono ao lado do Carlos Gomes do Oeiras, já que eu gosto de marcar os meus adversários logo a partir do parque de estacionamento…

Simpatia em pessoa, que me empresta a sua bomba para fazer subir a pressão dos meus pneus dos até então 3 Bar para uns rijos 7 Bar que fizeram com que não perdesse ainda mais tempo no ciclismo!

Tudo reunido, em saquinhos e lá fui eu para “A Pala”, nome com que baptizaram o parque de transição desta prova, onde já alguns atletas preparavam as suas coisas.

Entrei pela entrada, onde tive de mostrar o BI (touca + dorsal + chip, para os informáticos é uma espécie de de primary key dos atletas), e dirigi-me ao meu lugar que pensava que podia escolher :P Mas afinal todos os 600 e tal lugares estavam marcados e numerados, pelo que facilmente percebi onde ia ficar.

Preparei as minhas coisas, sapatos presos aos pedais da bicicleta, capacete na posição invertida, óculos dentro do capacete, ténis de corrida no cesto com as meias para calçar a seguir à natação por cima dos ténis, gels e boné para a corrida também dentro do cesto um pouco mais atrás… tudo prontinho!



Passado pouco tempo vi por perto o Bruno Silva que me emprestou o tira bronzeado +500, que fez com que mesmo debaixo daquele Sol todo tivesse ficado com a cor de um Escandinavo depois de um inverno dentro de casa.

A seguir vejo o Manuel Alves também do Belém, que fez o excelente tempo de 4h12’ no final da prova!

Untei-me com o Creme Gordo, peguei no fato, touca e óculos e saí do parque para activar o chip.

Encontrei a Rita Mantua, da E-X-C-E-L-E-N-T-E organização e ex-colega de trabalho, que me sacou umas fotos junto do seu Paulo Guedes do Olímpico de Oeiras. Segui com ele para a rampa de lançamento da prova…


Já dentro de água, depois de escorregar rampa abaixo (aquele tapete rolante foi mais um dos mimos da E-X-C-E-L-E-N-T-E organização), deu para perceber que iria ser difícil seguir os meus adversários de perto já que ou seguia todos, ou ia ser complicado… eram laranjas por todo o lado!

Segundos antes da partida ainda avisto no meio do público o Oliveira, que se deslocou ao local e àquela hora para me sacar dinheiro pelas fotos que me haveria de tirar… mas valeu a pena! (Oh pra mim a dizer que ia fazer 4 horas...)


Natacinha

Houve uma falsa partida ainda com metade do pessoal fora de água, e pouco tempo depois lá veio o FÕÕÕÕNNNNNN característico das partidas de triatlo!

Táctica 1: Partir com calma… os bracinhos do pessoal que fosse mais em cima de mim!
Táctica 2: Ir sempre mais pela esquerda, sem chegar a sair para o rio Tejo
Táctica 3: Contornar as bóias a 5,42 m de distância

Estas tácticas resultaram na perfeição, tendo nadado mais liberto e soltinho do que numa prova com 10 pessoas no meio do Atlântico. Saí da água para a fila do pão, com 29 minótos (disse-me um espanhol), o que estabeleceu o meu novo record para a distância… Ok, mesmo que tivesse feito 3 horas seria o recorde uma vez que foi a estreia na distância :P

Passei umas 4 ou 5 pessoas até à bike tendo feito a curva à direita na entrada do parque, ao pé coxinho com a perna esquerda para optimizar a curva…

Chego à bike, tiro o fato com toda a força, coloco o capacete, óculos, agarro na bike e ála que se faz tarde… (1’23’’ foi o tempo gasto na 1ª transição).


Velocípede

Lembram-se de eu ter dito que preparei bem as coisas no parque? Eu também não…

Assim que vou para montar na bike, e já com as duas mãos no guiador e as 2 pernas esticadas à retaguarda a mais de metro e meio do chão… os meus olhos visionam pela primeira vez os sapatinhos nos pedais, e trocam-se todos… trocam-se tanto quanto os sapatos… já que o sapato esquerdo não estava à esquerda e, surpresa das surpresas, o da direita também não estava à direita…

Tinha espetado os ténis ao contrário? É possível?! O cheiro naquela zona ficou bastante desagradável devido aos traques que as pessoas largavam pela força que faziam para não se rir mesmo na minha cara…

Lá tiro os sapatos, aproveito para os calçar ali, uma vez que já tinha passado o “chóriço”, e faço-me à estrada…

Da bicicleta, e já na IC2, só retiro uma ideia: SEM RODA!?
AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH

Já vi etapas planas no Tour com pelotões menos compactos… e os juízes até viram o que se passava pelo que não percebo como não actuaram… mas cada um sabe de si… de resto vi muitos estrangeiros, e não só, a abrandarem bastante o ritmo para não irem ali a aproveitar os pelotões! Claro que as diferenças de ritmo eram significativas e no final poderiam justificar alguns (muitos) minutos de diferença, assim como outra “frescura” para a corrida!


Foram 4 voltinhas com a dificuldade a aparecer a partir da 3ª subida ao acesso da AE1, já que apesar de não ser muito inclinada, com o acumular de Kms a coisa complicava-se, chegando a esgotar as mudanças na última vez que a subi…

Chegados ao novamente à “A Pala”, saí a correr e sem sentir as pernas presas para a 2ª transição onde fui o 19º melhor (deviam dar prémios chorudos aos 20 primeiros da 2ª transição…). Coloquei a bike, tirei o capacete, calcei os ténis, agarrei no chapéu e nos 2 gels e “sái correndo”…
Ida a Fátima
Recordo-me de no briefing ter ouvido alguém exclamar FOOOOODDDDDD@@@@@@-SSSSSEEEEEE quando disseram que a água e o Gátoreide iam ser servidos em copos e não em garrafas....
Recordo-me ainda de ter pensado "ora aí está um grupinho de amélias a quem o fatinho de licra vai cair que nem uma luva..."
Recordo-me depois de pensar "O carnaval não era em Março ou Fevereiro ou lá que é?!?!" quando, logo da primeira vez em que passei no abastecimento junto "Á pála", um dos (pensava eu) membros da organização me estendeu o braço com uma folha de papel vegetal disfarçada de copo com líquido lá dentro... Claro está que parecia a mãozinha do King Kong a segurar um copinho feito de banana... ficou tudo lá atrás pulverizado...

Esse facto fez com que fosse sem água para o deserto, e se calhar também por isso fui obrigado a andar um pouco já à entrada da terra, para que a dor nas pernas passasse de "Picador de Gelo em Brasa Espetado no Fémure" para "Bói de 700kg a Dormir em Cima dos Quadrícepes".
A partir daí, fui num crescendo (psicológico) de velocidade, tendo explodido de uns 10,43 km/h para uns finais 11,01 km/h já em plena recta da meta...
Pelo meio ficaram as imagens mentais:
  • dos trabalhadores das obras a descansar à sombra de refrescantes árvores, quais leões na savana em hora proíbida para apanhar sol...
  • do capotanço com 2 feridos ligeiros, mesmo à minha frente, depois de 2 triatletas adormecidos terem chocado frontalmente aquando efectuavam as respectivas ultrapassagens perigosas...
  • da água fresquinha da barragem do Cabril...
  • das ventoínhas gigantes ali para os lados de Torres Vedras...
  • do resumo decrescente da minha vida toda (penso que a meio da 3ª volta, quando fiquei clinicamente defunto)...
  • de um cada vez mais próximo cruzamento entre um Fernando Carmo e um marceano (verdinho verdinho que ele ia)...
entre outras imagens para maiores de 18 que aqui não posso revelar...

As últimas 2 voltas foram feitas com a graça do Sênhó, e do gel da Decathlon e de olhos fechados, abrindo-os apenas 1 milionésimo de pintelho a cada 20m para ver se estava no caminho certo... sofrimento foi a palavra chave!
Acabei com o meu sprint habitual (os tais 11 km/h) que foi suficiente para ultrapassar na última recta ainda uns 2 ou 3 adversários(as).
No Final
2'' depois de cruzar a meta veio uma senhora da organização buscar-me pelo braço, e eu pensei logo "Das 2 uma, ou gostou da parte de traz do meu fatinho de licra ou acharam este sprint final um pooooooooooooooouco rápido de mais para ser verdade e querem-me fazer verter águas para um tubo de ensaio...". Mas nem uma coisa nem outra... a senhora levou-me sim para a festa vip "Melão Party" que estava a acontecer nos camarins do evento... Da melhor fruta que comi desde aquele episódio com a minha "sobrinha" sueca que... bom... mas de facto desde as bananas até à melancia passando pelas laranjas, aquilo parecia aquele mercadozinho de Barcelona em plenas Ramblas! Muy Bueno!
Esperei depois uns 45' pela minha vez no bate-chapas, mas valeu bem a pena, saí de lá um autêntico novo-usado, qual mercedes de taxista com 30000km depois de 10 anos de serviço!

Cásinô
Quem não foi à entrega dos prémios não sabe o que perdeu...
A coroar a organização de êxito, esteve no final a festa de encerramento com um menu de fazer chorar por mais... o Glamour do Paulo Leite com o seu fato-preto "estas-bifas-caem-que-nem-tordas", o vestido "saco-do-pão" da apresentadora, as idas ao palco da menina brasileira da organização e os respectivos uivos selváticos do público, a bandazinha de jazz a envolver tudo...
e o video final com imagens para não esquecer (e repetir) dos infindáveis combóios no segmento de pedaleio...
FIQUEI FÃ!

terça-feira, abril 15, 2008

TRIATLO DO ZÊZERE 2008

Tinha de ser algum dia...

O forte investimento feito nas provas anteriores, teve finalmente consequências ao nível das condições proporcionadas aos participantes neste, em todo o caso, excelente triatlo do Zêzere.

Água fria, em que sentido? Estavam as condições ideais para arrefecer camarões depois de 30' de cozedura em água com bastante sal, limão e uma folha de louro...

Ao colocar a unha negra do dedão grande na água (com cara de "deixa lá ver de que se queixam estas florzinhas") , todas as gotícolas de sangue fugiram de uma só vez para a extremidade mais distante do meu corpo... e depois reconsideraram e fugiram para a cabeça.... que tem cabelo... e.... orelhas...

Assim que o sangue iluminou os meus olhos, soltei um leve "FOOOOOOOOOOOOOOODDD@@@@@@@@@-$$$$$$$$$$EEEEEEEEEE"!!!! , mas logo de seguida desatei-me a rir depois de perceber que a organização tinha acabado de engar o pessoal todo e eu nem tinha reparado... já que obviamente os gajos tavam a reinar conosco... A natação não era ali pááááá....

(Aqui salto a parte embaraçosa em que percebi que afinal não estavam a brincar, e que queriam mesmo que os atletas ficassem preservados no próximo milhão de anos nas águas geladas do Zêzere)


Desta vez a dificuldade do Sr. Presidente da Federação não foi chegar as pessoas para trás da linha de partida, como é normal, mas sim o de tirar os atletas das rochas aquecidas (como se pode ver na imagem em cima) onde os mais experientes perceberam ser melhor para o aquecimento dos membros superiores...

FFFFFFFFFFÕÕÕÕÕÕÕÕÕÕÕÕÕÕÕÕÕÕÕÕÕNNNNNNNNNNN!!!!!!!!

Lá parti com a estratégia de fazer o melhor tempo no 1º metro, e não sabendo se fiz ou não o melhor parcial, acabei por, no meio da confusão, mandar um soco em mim próprio retirando metade dos óculos para a testa e deixando a outra metade na vista direita...

Com esta visão 20-20 não conseguia distinguir a bóia amarela duma vaca a comer uma barragem, pelo que fiz de cães-guia todos os meus parceiros de braçada mais próximos...

Até à 1ª bóia fui muito mal, já que não conseguia nem respirar nem ver nem nadar como o João Silva, mas depois tudo melhorou e fui ali atrás de um grupinho sem esforçar muito fazendo um segmento de natação (que me pareceu mais curto) de 11'48'' o que para mim é um tempo razoável... nem bom...nem mau!

Saída com alguma dificuldade a tirar o fato... com uma corrida longa até à bike, onde me despachei mais ou menos rápido... o pior foi a súbida a penalties!

Resolvi, antes da prova, que iria fazer a subida desmontado já que a inclinação era muita e seria feita com os pés ainda fora dos sapatos. Mas quando desci a rampa não me pareceu tão grande como agora que a estava a subir, ofegante da natação e descalço...

Como o pavimento da rampa está preparado para que um Fiat 600 consiga tirar um arrastão de médio porte de dentro d'água, o atrito que proporciona assemelha-se ao de uma cama de Fakir, pelo que cheguei com os pezinhos lá acima já na 3ª geração de pele!

Montei, e apesar de ter sido numa bike e não num potro selvagem acabado de apanhar, ainda andei ali aos ésses como se a tentar dominar o animal...

Consegui alcançar um pequeno grupo que ia ali, coloquei-me à cabeça e lá fomos subindo... passado uns tempos passa o Alcino atrás de outro... deixa-o ir... depois passa o Carlos Gomes e como a diferença não era muita "deixa lá tentar ir atrás dele"... e lá fui...durante volta e meia e depois... deixa-o ir... e depois fui apanhado pelo Fernando Carmo, altura em que soltei o segundo leve "FOOOOOOOOOOOOOOODDD@@@@@@@@@-$$$$$$$$$$EEEEEEEEEE"!!!!

Isto passou-se já na entrada para a última volta, pelo que ainda aguentei atrás do grupo em que ia o Fernando até ao final da descida, mas depois na última subida terei perdido cerca de 30'' já não o vendo no PT.

A corrida final apesar de não ter tido caimbras (que é o normal) foi algo dolorosa ja que começava ligeiramente a subir e depois tinha uma descida de empedrado algo irregular. Ainda assim penso ter recuperado algumas posições neste último segmento!

O Triatlo em si foi muito porreiro, já com alguma dificuldade física que permitiu separar o trigo do ricard....joio, e colocar alguma verdade desportiva na corrida (sim porque estas coisas das rodas alteram bastante as coisas... eu que o diga ehehe, mas ainda assim prefiro assim :P).

Agora falta pouco mais de 1 semana para o longo e nem faço ideia de como é que vou acabar aquilo... treino pura e simplesmente não tem existido! Ou seja, vou com as energias todas acumuladas AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH (NOTA TÉCNICA: riso maqueavélico em fade off prolongado...)

NEXT's: Longo de Lisboa e Europeu AG









segunda-feira, abril 07, 2008

TRIATLO DO RIBATEJO 2008 (Alpiarça/Santarém)

Antes de mais parabéns a todos aqueles que nos proporcionaram esta bela manhã de sol, excepto.... exceptoooooooo.... aqueles que nos proporcionaram esta bela manhã de sol... e refiro-me vocês sabem bem a quem... acho que não é preciso dizer nomes... é preciso? Ok...

Refiro-me então ao pessoal que resolveu tentar entrar para o Guinness, em simultâneo com o Triatlo do Ribatejo, com o maior puzzle de cestos (com fatos de triatlo lá dentro) alguma vez efectuado na zona centro do Ribatejo. (todos se recordam da 1ª tentativa do género em Palhaçais de Cima por alturas do casamento da "Sobrinha" do presidente da Junta)... adiante...

250 convivas! Com bastante publico a assistir, tanto na panela de pressão de Alpiarça, como em Santarém's Downtown. MUITO POSITIVO!!!

Epá, Portugal no que ao Triatlo diz respeito, não só faz melhor, como consegue inovar a cada prova que passa, senão vejamos...


Estreia mundial do segmento "Sushi-Swim"

Desde "Cobras de Água" a "Bois Almiscarados", passando pelo "Monstro do Lago Ness", os relatos que ouvi depois do aquecimento na panela eram no mínimo assustadores:

- "Juro-te que levou 2 gajos para baixo mesmo à minha frente... tinha no mínimo uns 13 metros..."

- "... e portanto como eu já suspeitava, os fenómenos do Entrocamento tiveram as suas raízes precisamente aqui, nesta poça que..."

- "Eu não te disse que o IMAX era em V.Franca de Xira... e que não cospia fogo do ecrã..."

entre outras frases do género!

Mal sabia eu que as frases não eram mais que metáforas sobre o que se viria a passar a seguir...


The WWS (World Wrestling Swim, mais uma estreia galática...)

A definição de partida à morte não sei de quem veio, mas percebi claramente o porquê da sua aparição... aliás não diria bem partida... nem largarta... mas mais fugida à morte... eu bem que tentei, mas devia ser o gajo que dava mais pontos para o campeonato das amonas assassinas...

O 2º round foi claramente meu com 2 uppercuts de dedo grande do pé esquerdo, e uma braçada de baixo para cima que apanhou pelo menos 3 tintins... o Tintim que faltava devia vir lá mais atrás :P


(Imagem que encontrei não sei bem onde... estes riscos azuis é que foi pena)


Inovação 3 - Saída da água por uma via de escalada 7b+ (sem cordas)

A imagem que me veio à cabeça ao sair da água, foi a de um monte de velhinhos a tentar andar em sentido contrário numa passadeira rolante... caiam que nem tordos!!!

Eu que já tenho muita esperiência do BTT em subidas inclinadas, apliquei a técnica dos zig zags para conseguir ultrapassar o declive imposto pelo louco de serviço... (aka Director Ténico)

Depois de chegar cá a cima, foi tempo de seguir os meninos que iam à minha frente, já que não tive tempo de decorar o caminho desde a saída da água até à bike.

Tirei o facto com a usual graciosidade que me caracteriza, coloquei os óculos para o estilo, capacete para o estilo e agarrei na bicicleta para não ir a pé até Santarém...

Novamente com a inovadora técnica dos elasticozinhos, levei a bicicleta descalço até à saída do parque de estacionamento e coloquei os pezinhos nos sapatos mais ou menos a custo...

Segmento das Bicicletas

Custosa foi também a saída, porque era ligeiramente a subir (numa distância de 2,14 metros) mas como deixei a relação maior (74 x 6.2) engrenada, tive que me meter de pé aos saltos em cima de um dos pedais (inclusivé com uma velhota de grande porte nos braços, que estava a assistir à prova, para fazer mais peso) para que lá conseguisse rodar os pedais e sair daquele buraco...

Coloco o pezinho direito dentro do sapato e fecho o sapatinho, coloco o pezinho esquerdo dentro do sapato e .... CATÁSTROFE!!!!

A fita/presilha, ou lá como é que se chama aquelas coisas que fecham os sapatos de bicicleta, saíu da respectiva argolinha e aquela porra para entrar tem que ser no ângula inverso ao quadrado da hipotenusa... pelo que, com a bicicleta já a 0,23 metros por século, decidi abortar a boa figura e encostar para meter aquela coisa no sítio... entretanto lá iam passando os amigos do "SAI DA FRENTE CAR@%&#$...!!!"

Depois de restabelecida a ordem natural das coisas, foi hora de imprimir o ritmo VO(mito) e tentar apanhar os senhores dos impropérios!

Apanhei logo no primeiro topo aquele... susto, já que a certa altura ouvi um PIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII e julguei que estivesse com a máquina dos hospitais que faz "PING" ligada ao coração... mas não... tava tudo quase bem...

Apanhei sim aqueles que seriam os meus companheiros de ciclismo e com os quais dividi despesas (meretrizes à parte porque eles comeram mais que eu...) na primeira parte do percurso, mais ou menos até à saída de Alpiarça.

Eram eles 2 elementos da Marinha e mais outro que agora n me recordo, mas julgo ter sido o Telmo Veloso do Porto Runners.

Entretanto com os pequenos grupos que fomos apanhando, formou-se um grupo de quase 30 pessoas, que acabou por cortar o ímpeto inicial, já que nem fod... nem deixavam fod...

Portanto lá segui naquele grupo com mistura de condutores de fim de semana, com invisuais de vendas nos ouvidos, em que apenas por ser um crente com lugar no TOP 10 - Cantadeiros de Pai Nosso é que não houve quedas à minha frente... nunca mais me apanham noutra!

De vez em quando, e seguindo o pelotão a uma velocidade relativamente reduzida (talvez 35km/h), saía 1 ou 2 meninos que tinham sido apanhados anteriormente, com rasgos de Armstrongs, e em que se tentavam suicidar durante 100m num sprint insano... espeeeeeera... se calhar estavam a fugir do Tamboril-elefante que entretanto saíu do 1º segmento precisamente em 100º lugar... enfim...

É que um gajo trava mais que o que pedala...

Depois fomos apanhado em plena ponte por um grupo de Easy Riders, que não me atiraram ao rio porque não conseguiram... entre eles seguia o Alcino Serras mas que ainda assim foi o mais delicado... sem chegar a arrepiar a espinha claro!

Na subida, para além dos que vieram de trás com o Alcino e pouco mais, lá ficou tudo para trás a pensar nos sprints que não deviam ter feito...

Quando eu começava a aquecer (acima do ponto de ebulição do titânio) a subida acabou, não me deixando demonstrar toda a minha capacidade de escalada ciclistica... é que a partir dali é que eu ia ser mesmo brutal!

Depois foi só pedalar mais um pouco até à entrada triunfal naquele parque de transição à la Mundial e mostrar com orgulho as minhas feridas de guerra (unhas negras) às unidades de espectadores ...

Nova saída em andamento, confirmando a mestria demonstrada em Quarteira, mas venho ali naquele limbo entre:
  • sair cedo de mais - antes da velocidade estar a condizer com as mais básicas leis da física (lembro-me sempre do herói que ainda o combóio não baixou dos 50km/h, e está a sair a pés juntos para a estação... fazendo aquele engraçado efeito de saltar de cabeça para a frente com os bracinhos lá atrás, qual F14 em voo supersónico...)
  • deixar a bike abrandar demais - fazendo com que caia para o lado em que não estão pernas da minha pessoa, e originando assim aquele gemidozinho normal de quando a pedaleira entra tintins a dentro... (eu já tinha falado em tintins neste relato não já? isto de falar em orgãos sexuais que, alguns, outros gajos também possuem é um pouco embaraçoso... nunca mais falo em tin...)
Mas a coisa lá correu bem... não que eu me lembre como correu, mas como estou aqui a escrever sem auxilio de oxigenio presumo que tenha saído para dentro...do parque de transição, nas melhores condições... possíveis!


A Maratona

...dos 5km ... quer dizer dos 4 e tal... já que... ou estava um vento ciclónico em que o perímetro do furação coincidiu ao milimetro com percurso de corrida ( e se coincidiu deve ser mais um record para a prova) inclusive acertaram na previsão do sentido de sopro do dito, ou aquilo não tinha 5km... Acho ainda assim mais fácil ocorrer o episódio metereológico do que a organização ter falhado mais de 10cm na distância!

3 voltas! 3 garrafas!

Se existissem 2 abastecimentos por volta teriam sido 6 garrafas, e por aí adiante até aos 137 abastecimentos por volta... valor que me permitiria chegar às 411 tampas azuis que dão direito ao par de canadianas.

Estava calor... e suponho que a dificuldade deste segmento ultrapassou, de longe, qualquer maratona num qualquer ironman, já que em plena "Praça das Traseiras" (sorry, não sei o nome, mas acho que não era bem este) e com o sol a bater de quina mesmo na baba seca ao canto da boca do rominante, nos obrigavam a fazer um voo rasante às 8 mesas da esplanada que colocaram como obstáculo, repletas de tudo o que lembrava "fresquinho"... desde garrafinhas de água com sabor a limão, até jovens estudantes de enfermagem com 18 anos completados na sexta-feira anterior à prova... Não se faz!

(Riscos azuis tirados não sei bem de onde... estas fatias de imagem é que foi pena)

Terminei com o habitual sprint (palavra que no me caso significa uma espécie de fast forward mental que eu faço da minha própria chegada - tenho essa capacidade), para parecer que não fora terem-me escondido a bicicleta dentro da mochila dum gajo que por acaso não a deixou no PT porque não se podiam deixar mochilas no PT porque senão o puzzle final não contava para o Guinnesssssssss... eu teria chegado em primeiro!!!

Bom... resumindo... um b-e-e-e-e-r-i-l-h-a-n-t-e 74º lugar entre os mais de 250 atletas da nata mundial de triatlo... incluindo aquela senhora que tem chegado em último e que faz um segmento por dia... ai não... estão-me aqui a dizer que afinal é tudo no mesmo dia... a luz é que já é outra quando chega... da bicicleta...

... dizia eu 74º com 1h04'44'', a mais de 10' do grande vencedor (esse rapaz vai longe) (rápido pelo menos vai...)


A próxima é já Sábado pelas 15h em Pedrogão com partida na barragem do Cabril... que rima com pernil (se calhar vou mais cedo e como por lá...)

See u all out there!