Muito provavelmente devido à maratona de Canha (ou então por ser mais sensível que um panda com 2 dias nascido em cativeiro), apanhei uma constipação que ainda hoje se faz ouvir nesta voz de benfiquista depois do jogo com o Belém.
Condição que me levou a dar o dito por não dito, e a resolver levar a bike de estrada para ver se não piorava ainda mais... de cada vez que passava por um colega com btt à homem dava gritos interiores de alegria por ter tomado esta decisão! Assim sendo, fui com a minha super-hyper-performant-sub10kg BH de estrada com a qual habitualmente faço as provas de triatlo.
Por volta das 4h30 da manhã acordei sobressaltado, pois já devia ter começado o programa no canal Odisseia sobre as ondas de Jaws e o Laird Hamilton, o qual não iria perder nem por nada.
Foi tudo o que eu esperava e muito mais... aquele gajo flui na crista da onda como nenhum outro...
Aproveitando que já estava acordado e sabendo que daí a nada tinha de me por na alheta para o Tróia-Sagres, resolvi não dormitar mais e comer qualquer coisinha.
Como combinado cheguei à porta Loja das Bicicletas às 5h50'00'' e... como esperado o Brandão e a sua Yayace Beje viste-los!
Passado uns 2 minutos aparece o Moldavian Express vindo do nada e com aquele vocabulário que só ele entende (o caludês) e que deixa subentender que o Brandinho deveria estar quase a chegar. Homenagem ao grande artífice que a Loja das Bicicletas tem a sorte de ter nos seus quadros!
Passado alguns instantes lá aparece o Brandinho e restantes companheiros na tecnológica carrinha. Bikes lá para dentro e ala para Setúbal.
Chegamos a tempo do 1º Ferry (7h15) mas já atrasados o suficiente para que os que estivessem à frente o enchessem. Assim só fomos no 2º às 7h40, a caminho de Tróia!
Um dos bons momentos desta volta é sempre a travessia do estuário do Sado a tempo de observar o nascer do Sol... lindo!
Ainda antes de sair do barco, e uma vez que era o único do grupo que ainda não levava a bike montada, tratei de a montar ali mesmo no meio de toda a gente! Ficou tudo de boca aberta, quando abri o meu saco de congelados de 16cents do Lidl e comecei a sacar peças de bicicleta... Em menos de 27 minutos tinha a bike montada e apenas 2 peças, que pareciam menos críticas, sobraram.
Saímos do barco e já o resto dos HBT's estavam alinhados de braços cruzados à nossa espera!
Eu como sempre tava prontinho e tive de esperar pelas noivas...
"Tá tudo, agora?" perguntei...
"Tá tudo! Siiiiiiga!!!!"
"Pááááááraa tudo!!!", disse eu, "...o Brandinho quer mijar."
"Não quero nada!" mentiu o gajo...
"Ai agora já não queres verter águas ó meu ganda pan..........Epá calma Brandinho, devolve-me já o chão ouviste... se não parto-te tooooooooo..." CATAPUMMMM
"Men, até parece que adivinhas, era mesmo aqui que eu queria mijar....passa-me só aí as escadas que eu quero descer..."
Lá sacamos a foto de grupo, e lá partimos... partimos que é como quem diz... partiram... pois tinha-me esquecido do capacete... e assim que me fiz à estrada reparei que tinhas as mãos fresquinhas... voltei atrás, calcei as luvas e agora sim... parti(mos)!
Claro que os gajos ao me verem voltar atrás para apanhar as luvas, nem queriam acreditar no brinde que lhes tinha caído em cima... trataram logo de se meter a 57km/h, com o pessoal a rodar na cabeça do grupo a cada 2''...
A única que ficou à minha espera foi a Rita, o que me obrigou depois a abrandar dos 120km/h para os tranquilos 35km/h para que me pudesse acompanhar, pois já estava a menos de 10m dos pan...companheiros de equipa!
Pronto a partir daqui não há grande história.
Frio no início...
Fomos sempre os 2 (quando não iam mais alguns a aproveitar a boleia) sozinhos..
Depois fomos apanhados por um comboio numeroso, perto da via rápida para sines...
Voltamos a ficar sozinhos entre S.Torpes e V. Nova de Milfontes, onde fomos apanhados por 2 colegas com um andamento semelhante ao nosso...
Aproveitamos esse andamento até SãoTeotónio mais coisa menos coisa, onde chegamos já a seco... e por acaso era mesmo aí que estava a YAYACE com o abastecimento... voltamos a ficar sozinhos...
Fizemos as primeiras subidas com calma...
Odeceixe e sua subida curta mas encaracolada, foi feita na conversa, só faltou o cafezinho...
Chegada a Rogil onde apanhamos o Brandinho completamente nas últimas, mas que quando me vê (e isto acontece sempre...) parece que leva uma injecção de 300cc de adrenalina directamente na aorta direita... e lá finge que consegue andar mais ou menos!
Gostosa descida para Aljezur, onde se deu o 2º e último abastecimento. Este abastecimento, assemelhou-se a uma acção furtiva do esquadrão classe A, que com a carrinha em formação estrela com as bikes, e de porta lateral aberta (colocando em risco a vida do Cara de Pau), nos foi enchendo os bidons à em vez!
Zona de sob e desce até à Carrapateira - com um ligeiro arrepio na espinha na descida, onde os meus cálculos, feitos em casa na noite anterior, para cada uma das curvas dos 200km, terão falhado em mm e por pouco, não fora a mestria do praticante, me teriam obrigado a fazer apenas 180km!
Subida a seguir à Carrapateira feita a contemplar a floresta virgem, e o sol das 3h da tarde, que faziam com que as cores verde e amarelo torrado, ficassem estampadas no rosto do Brandinho...
Não, não era do esforço que ele ia a fazer para acompanhar uma miuda na subida, nãããã.... era mesmo do sol a bater nas arvores e depois a ir de encontro à cara dele... era... era...
Chegamos ao carrossel dos moinhos de vento lá em cima, com o cheiro a Sagres já a entrar no nariz... e não tou a falar da terra em si... era mesmo da cerveja que o motorista da YAYACE, amigo do Brandinho, tinha emborcado para encarar os kms finais na bicicleta...
E daí até Sagres foi pedal firme, olhos na frente..., e grunhos de trás..., tal era a pieira que o Brandinho fazia a tentar conciliar o respirar com o empurrar a bilis novamente para o fígado!
Resultado, chegamos a sagres em sensivelmente 6h50'. Nada mau para a estreia da Rita, e o meu 2º melhor tempo das 3 vezes que fiz, tendo este sido o ano em que o vento menos ajudou!
Tudo arrumado na carrinha do Esquadrão Classe A, e partimos em direcção a Grândola onde comemos umas belas plumas de porco preto regadas com vinho tinto da casa... Até parecíamos aqueles pacóvios que fazem 200km de bicicleta e depois vão a um qualquer restaurante alentejano mamar carnes e vinho tinto...
Foi portanto positivo... ao contrário do saldo da conta depois de pagar o gasto.
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