terça-feira, fevereiro 26, 2013

MARATONA DE SEVILHA 2013 - EL RELAT

MARATÓN SEVILLA 2013


4ª maratona concluída, 3ª em Sevilha, 2ª na companhia da esposa,1ª maratona da esposa...

Indo já ao que interessa..
DESILUSIÓN, DESENCANTO, DECÉPCION... seriam a legenda mais provável para o meu estado de espirito, depois de ter cruzado a meta com o tempo final (real) de 3h00'24''...
Apenas 25'' acima do principal (mas único) objectivo para esta prova: Baixar das 3h...

Mas o espirito não é obviamente esse... É mais F"#@-$€, P"#$" que pariu esta M€#%& toda!!!!

E este espirito está contido pelos 500 grama de calmantes intravenosos desta manhã...

Mas vamos ao relato completo do que se passou até chegar a este ... a este.... (respira)... resultado:


SAÍDA DE LISBOA

Pela 2ª vez os Dassilvas fizeram-se acompanhar... ou melhor... acompanharam os Leitões em todo o processo. Desde a partilha de carro, partilha de hotel, partilha de maratona e... partilha de pizzas.

No final de sexta feira lá iniciámos a grand voyage!

Era a1ª maratona da mãe, e a 4ª do pai... e uma despedida dos filhotes para um feito destes é sempre dolorosa... Mas não para os Dassilvinhas... Rambos destemidos desde a primeira golfada de ar...

Despida à Dassilva

MÃE: Adeus putos! Até Domingo. Comam qualquer coisa...

PAI: Mike, se os pais falecerem, e olha que é o cenário mais provável, diz à avó para ligar a tomada atrás do móvel da televisão, porque senão bem podes estar ali a limpar os dvd's à parte de dentro da camisola durante a tarde toda, que não os vais conseguir ler na mesma!

MIKE: Ok.

GUI: Pai não faleças, que a avó diz que não sabe o que é uma tomada...


Despedida à Leitão

Já tinha visto filmes tristes, mas o que se passou naquela garagem, algures num prédio da Portela... dificilmente poderá ser descrito...

Antes de mais coloquem esta música a tocar noutra janela...
Já está?

LEITÃO (em lágrimas...): Filhinha... tu sabes que nós... nunca te deix... Se não quiseres que a gente vá, é só dizeres, tá bem?... A mãe é que me obrigou... Eu por mim vivia colado a ti...filha... filhinha... minha linda filha... gosto TANTO de ti minha filha... Mas a vida coloca-nos nestas situações... em que temos de escolher entre a vida (viver colado a ti) e a morte (estar Sábado e parte de Domingo sem te ver)...

LEITÃO (juntando agora algum ranho às lágrimas já a correr): Mas temos de ser fortes... É destes momentos que se fazem as pessoas... se constroem pilares...
Mas de que pilares estou eu a falar filha?!... Não se constrói nada... É só desgosto... puro e simples...
Diz que não queres que o Papá vá... diz...DIZ!!!

MÃE DA LEITONA (com cara de quem vai entregar a filha para a doação de órgãos): Filha... Foste uma boa filha... sempre foste... Não há necessidade de te entregares assim... há sempre uma saída... ainda é tempo de lutar e ficar!!!

Enquanto este filme se passa, DASSILVA's NO CARRO: "Sandra passa-me aí o folhado de cogumelos, que esqueci das pipocas em casa..."

LEITÃO (já aos berros): Pipocas?!!? Alguém disse Pipoca!!! Isto é um sinal divino, a avisar-me para não abandonar à sorte a minha pipoquinha durante este dia e meio... Nãooooooooooo!!!

Passadas 3h30 de lamúria profunda... lá conseguimos sugar o Leitão para dentro do carro a custo...

A saída da garagem fez-se ao som das rodas a chapinhar na lágrimas acumuladas...e das unhas do leitão, a tentarem desesperadamente fixar o betão da parede...
Por fim lá rumamos à Andaluzia!

(já podem desligar a música...)

HOTEL

Viagem realizada sem sobressaltos, regada a massas gourmet caseiras pelo caminho (as do leitão, porque as minhas pareciam que tinham sido apanhadas na rua já com alguns dias...).
Chegamos ao hotel perto das 2h...

O Hotel era o mesmo do ano passado, mas desta feita ficamos do outro lado do edifício, e pelos vistos com uns quartos mais porreiros. Pelo preço, com garrafa de vinho e late check out (15h) oferecidos, valeu por um 5*.

Ainda antes de irmos para o estádio, tratar do levantamento do dorsal e afins, fizemos o último treino rigorosamente prescrito pelo nosso Grande Líder, Mister Carmo, que se resumiu a um jogging de 30 e poucos minutos, com umas rectas mais rápidas, ali junto ao Guadalquivir repleto de canoístas. Um must!

De regresso ao hotel, e para completar o ramalhete, recebemos a circular do Comandante Supremo, o Deus dos Sapadores, o Alá dos Halterofilistas, Major CMDT Comando Lamego...
As suas palavras, partilhadas pela restante comitiva, foram recebidas como se vindas de um comandante de verdade se tratasse... Palavras fortes, bonitas, motivadoras, desafiantes, e que sem dúvida ecoaram nos 4 pares de ouvidos durante todo o percurso da prova, e particularmente nos últimos kms...


PASTA PARTY

Como 1ª experiência que seria, e como meninas que são, as meninas quiseram absorver ao máximo tudo o que estava incluído, desde o levantar dos dorsais e tirar fotografias no estádio com os ditos, à Festa das Massas oferecida pela organização nas antigas instalações da Expo Sevilha 92.

Lá chegados, aguardava-nos uma fila assim para o grande... e como bons portugueses que somos... gostamos de filas... eu disse filas... e de borla?!... OH YEAHHH!!!!

Como a fila era de facto grande, chegados à paparoca, já a fome tinha transformado aqueles pratos de plástico com macarrão esbaforido... num requintado almoço Itáliano. A acompanhar o manjar, som, alto e duvidoso, mas animado, que a banda rockabilly nos atirava sem contemplações... Fieeeeeesta!

Despachada a massa, as batatas fritas, a barra de frutos silvestres e a maçã, rumámos onde... ao El Corte Inglês... pois claro! Bien bonito! Mas foi apenas para comprar o piqueno-almorzo da manhã do dia D.
Pão e Jamón Serrano que os pelos no peito precisam de reforço na raiz!


JANTAR

Para jantar, e como se tratava da estreia de alguém, escolhemos o mesmo restaurante da minha estreia... o La Piamontesa, uma pizzaria bem no coração de Sevilha, com cenário de anos passados e um ambiente sofisticado qb... Mas não em véspera de Maratona, onde qualquer restaurante com cheiro a hidratos de carbono se enche de fatos de treino e/ou ténis de corrida...

Aqui, já na companhia do Mister, do Lorenzo Varas Verdes (nervoso era apelido), do Bila e da sua mulher Travesti...,
Pizzas, massas, cañas de cerveja rodaram pela mesa...pelo menos por um dos lados da mesa... pois o Lorenzo "pelo menos na bebida acompanho-te"... acompanhou sim senhor, mas foi o Mister, na sua água + massa...
Assim não vais lá!!!

Depois de algum salutar convívio era altura de repousar o esqueleto e preparar o material para o dia D... If you know what i mean... ;)


DIA D

2h30 acordo com o barulho do alarme que tenho para não adormecer demasiado... pois o meu batimento cardíaco a dormir aproxima-se do zero e tenho medo que passe para valores negativos.

Mas acordo, e acordo a suar... tinha tomado um Brufen por estar meio constipado e o efeito estufa estava no máximo! Acordo de novo, mais tarde, às 6h00, para poder tomar o desayuno 3 horas antes da partida como mandam as regras internacionais da digestão.

Enquanto eu tomava o pequeno almoço e preparava as minhas coisas, a Sandra andava feita barata tonta para cima e para baixo - Caaaaaaalma... do quarto para a recepção... e do quarto para o Bar... que as forças não podiam ser desperdiçadas nesta altura ;) - para que lhe dessem um chá quente...

7h30 abalámos do Hotel em direcção à glória misturada com nascer do sol em 3 tons de laranja!


NO ESTÁDIO

Chegados ao Estádio, deu logo para perceber que para além de fresquinho, estava mais gente... bastante mais gente. E significativamente mais confuso...

O facto de serem mais atletas este ano, aliado a termos de deixar as coisas até às 8h30, para depois nos dirigirmos para a zona de partida (este ano fora do estádio), fez com que a corrida à entrega de sacos fosse mais... máscula.
Ganhei por 2 Ipons e um Vásári a um gajo de bigode barrado a Voltaren...

Entregue o saco, estava pronto para me juntar à Miss Dassilva e Leitões para o gathering final.

Beijos e abraços de boa sorte, eles lá seguiram para a sua Fiesta de mais de 4 horas e eu para a minha dor de... F"#$"#!"# nem me falem no número 3 agora, por fa-vor...


ARRANQUE E PRIMEIROS KMs

Já na caixa dos sub-3h15, encontrei o meu parceiro de despiques o GRAAAANDE LORENZO.

EU: "Que sorte pá! Consegui-te encontrar. Atão estás nervosos??"

Ele estende a mão para mostrar o quão nervoso estava, e só sei que mão dele não tremia... abanava... Safanões de 15 cms, como que a segurar uma enguia eléctrica...

EU: "Calma pá! Isto só vai ser a maior dor que alguma vez experimentaste, também não é caso para tanto..."

E lá acalmou...

Música dos AC/DC para o momento "Start your engines", e chega finalmente a contagem decrescente... 10... 1... PARTIDA!!!!

E lá seguimos nós, lado a lado, num zigzag suave, fluído, sem grandes esticões, a olhar para o infinito, na esperança de ir controlando o balão das 3h que seguia já bastante afastado.

Não querendo partir demasiado acelerado, tentei aproximar o ritmo dos primeiros kms aos 4'15''/min do objectivo, tendo em alguns kms saído um pouco acima, devido ao público e ao motor frio, mas mais que bom para quem sai numa posição lá de trás em que muitos vão demasiado calmos (apesar da separação por tempos).

Fomos então por ali fora, sempre passando pessoal, e aos poucos, segundo a segundo aumentado o ritmo inicial.


A SEPARAÇÃO

Lorenzo, antigo lutador de sumo, com um 1,90m de altitude, corpo coberto de tatuagens, era agora um ligeiro maratonista de 86kg, preparado pelos melhores... com uma mentalidade de ferro.

Mas até o ferro tem limites, e sempre que eu lhe pedia para ver do 1º andar, se avistava o balão das 3h ... lá me ia dizendo "Epá...esquece o balão...!!!" :P

Percebi então que, ou ficaria com ele, e dificilmente conseguiríamos atingir o objetivo supremo, ou arriscava e tentava apanhar o balão para depois ficar com ele até perto do final. A decisão de abandonar um camarada de armas no teatro de operações não se toma de ânimo leve, mas eu não fui à tropa, portanto sigaaaaaa...

Decidi arriscar! Um arriscar diferente do pretendido pelo Mister e Major CMDT, mas ainda assim um arriscar, e acelerei dos 4'15'' para os 4'10''/4'07'', o suficiente para aos poucos ir vendo aquele colosso, com coração de mel e cerejas... a ficar para trás mais piqueno... e piqueno...

Nao que eu olhasse para trás... eu só olhava para a frente em busca do...balão (não sei se já tinha falado no balão...!?), mas fui imaginando o meu amigo... a ver-me deixá-lo sozinho... naquele terreno minado... Mas a vida é assim mesmo, como diria o meu amigo Leitão em garagens, em dias de despedida. E lá fui eu...!


O BALÃO DESAPARECIDO

Fui então passando mais e mais atletas (na maratona quaisquer 5'' ao km, fazem bastante diferença nos andamentos). Passo uma portuguesa do Porto Runners que aparentemente ia naquela fase difícil do mês... demonstrando uma raça que só as mulheres, e os Dassilvas, conseguem ter... Dei-lhe uma palmadinha de força, não muito grande para não aumentar o fluxo :P ... e segui caminho.

Entre os atletas que fui passando, lembro-me de passar por um grande grupo, encabeçado por um espanhol antigo recordista mundial... (não sei se de maratonas, mas que ia na palheta ia... :P), mas que apesar de me parecerem ir a um ritmo porreiro, e ser um grupo bastante numeroso, resolvi mesmo assim continuar em busca do balão perdido...

Assim que entro numa recta das grandes, lá para o km17 ou 18... e com vista desafogada... não consigo vislumbrar o balão... Isto já depois de ter estado há quase 10 km's a retirar tempo ao ritmo previsto de 4'15'' (que o dito devia levar)... pelo que comecei a achar estranho. Perguntei à próxima pessoa que ia passar, se o balão estava muito longe... ou se o tinha visto sequer?

"Balon?!? Creo que el balón se perdió... desapareció..."

Bolas... será que isto é uma metáfora para a minha prova... também o meu tempo se vai evaporar...?!? - pensei eu enquanto tentava perceber onde é que o teria perdido...

Nisto surgem 2 elementos de uma equipa, vindos de trás, e com um ritmo muito parecido ao meu, pelo que me colo a eles... E assim fui durante uns 4km, até passamos o pórtico da meia maratona (onde registo 1'29'' e qualquer coisa - real)...
Pouco depois eramos engolidos pelo tal grupo numeroso com o campeão espanhol... pelas conversas entre eles percebi que era o comboio das 3h (porém sem balão)... e que ao passar a meia maratona decidiu acelerar um pouco, apanhando-nos.

Fico por uns instantes na dúvida se me mantenho com as 2 locomotivas ou se arrisco mais uma vez. Decido acelerar para me manter no grupo... mas nem era preciso decidir, uma vez que as 2 locomotivas se transformaram em carruagens, e seguiam agora também na cauda do grupo...

Se até ali (por volta do km 23) tinha vindo relativamente à vontade, a partir deste momento a coisa começou a piar mais fino, exigindo uma cara de atleta a quem se queria manter por ali... Tentei imitar uma, e mantive-me por ali mais uns kms...

As 2 lebres do grupo iam mais que à vontade, e portanto as variações entre os 4'16'' e os 3'56'' eram uma constante. Se se distraíam a conversar ou alguém se queixava de irem demasiado depressa, baixavam o ritmo, se de repente acordavam para a vida lá aceleravam de rompante... e aquele rompe-pernas ia fazendo mossa e reduzindo o grupo... que km a km passou muitas dezenas de atletas sem que estes se conseguissem colar...


O MURO

Aproximava-se o km 30, a zona do "Homem da Marreta", do "Muro" ou do "IN" (como lhe chama o Major CMDT), mas, e apesar de já ir tudo menos à vontade, essa perda de força só se começou a sentir mais para os lados do km 32... bem perto do Jardim do Palácio Real (zona por onde o percurso este ano passou, e fez muito bem em ter passado).

Quando entrámos no jardim, quer as sucessivas curvas, quer o percurso um pouco mais apertado, fez com que o grupo se esticasse. Dentro do jardim estava um dos postos de abastecimento de líquidos (basicamente água + esponjas húmidas... mas sem mulheres de t-shirt branca por perto), altura em que 2 do grupo se atrapalham na recolha dos copos, e me obrigam literalmente a travar a fundo, a parar, a contorna-los, e a pegar num copo à pressa... quando olho, já o recordista espanhol estava a uns 50m... e as pernas já não estavam a responder a grandes sprints... mas Dassilva não se fica à primeira!

Fica à segunda...

Tentei recuperar os escassos metros, mas ou eles aceleraram... ou eu só o fiz com a mente...e não com as pernas...


SPRINTER

Quando pensava estar tudo perdido... vejo à minha frente um dos atletas que vinha no grupo, e ainda com bom ritmo, apesar de menor que o do comboio principal...

E o que é que ele tinha escrito nas costas?!?
O quê?!?

"BARBOSA" em letras garrafais!!!

Deus Nosso Senhor por vezes envia sinais misteriosos... mas este era cristalino como a água...
As 3horas já foram mas tens o tempo do Barbosa para bater - pensei eu - e assim foi, cerrei dentes e fixei-me à palavra "Barbosa" na t-shirt laranja...

A sensação de esforço que agora tinha, e estamos no km 35,... é a de estar já a sprintar para a meta... mas esta ainda se encontra a mais de 7km... O cansaço nesta altura é avassalador... Por muitos treinos que tenhamos esta fase vai sempre chegar, com mais ou menos força, com mais ou menos cãibra, mas ela chega... como de resto o CMDT vaticinou na sua circular...

Se a nossa cabeça fosse um painel de instrumentos de um automóvel, teria neste momento todas as luzes acesas, desde a falta de gasolina, a problemas de motor e de filtro de óleo a seco... tudo apita e pede para encostar...

Apenas as longas horas de treino, e sobretudo as dos treinos longos, nos preparam para começar a enfrentar esta dor... mas ela só agora começou... faltam 7km... praticamente 30'... de dor pura!

Nos kms 38 e 39... houve partes em que fiz de olhos fechados (a lembrar os regressos a casa da discoteca nos anos 90') e dentes cerrados, tentando por tudo não perder velocidade... As contas mentais sucediam-se... e os últimos cálculos apontavam para uma chegada em cima das 3horas... mas por tão pouco que todo aquele esforço me parecia estar a ser feito para nada... vi então que se conseguisse fazer os 2km que faltavam a 4'10 seria possível baixar das 3h...

O que é que se faz quando já está a sofrer como em nenhuma outra situação se sofre... tenta-se sofrer um pouco mais, claro... Fiz os últimos 2195m mais esforçados da minha vida... e mesmo assim sem conseguir a velocidade necessária... 4'27'' no km 41... (faria 4'18'' no km 42 mais à frente)... entro na escuridão do túnel de acesso... por muito pouco não caio rampa abaixo, já que as pernas não conseguiam suportar o peso do corpo a cair sobre elas com toda aquela pendente... e

Entro no Estádio....

... a luz volta de novo ao rosto... mas eu já não vejo nada... só vejo a pista... olho para o relógio... 2h59... sem segundos... não sabia em que segundo ia... olho para a meta e penso - daqui à meta devem ser uns 300 metros no máximo - ... faço séries de 200m para 30/35''... 300 metros posso fazer em menos de 1 minuto... dou tudo o que tenho... passo o Km 42... no inicio da última curva antes da meta... olho de novo para o relógio...

... ainda 2h59... a emoção da incerteza e dos 198 batimentos registados pelo monitor cardíaco... diziam tudo... será... que...
...e ao terminar a última curva... já a entrar para a meta... olho de novo para o relógio e... PAAMM!!!! 3h00... a escassos 120metros da meta...

Recordo-me de ver então vários fotógrafos sentados nessa zona... a tirar fotos... e se um deles clicou nessa altura... deverá ter uma foto perfeita da desilusão de alguém estampada no rosto de alguém...

Terminei com os últimos 400m de uma maratona feitos a 3'50'' dando a ideia de que cheguei fresco e com reservas....

Nada mais errado! Cheguei como nunca cheguei antes... nem mesmo na primeira maratona que fiz sem qualquer treino... O que tinha ficou no recorrido!


O APRÉ

Uns segundos após ter cortado a meta, e colocado os 2 pulmões novamente dentro da boca, chamam-me para tirar uma foto... certamente por ter batido o record de velocidade na última curva :P

Comecei a penosa descida até à zona dos sacos... e começou o arrefecimento... demasiado brusco para alguém que tinha acabado de espalhar antioxidantes em estado líquido por toda a pista...

Na fila para os sacos vi inclusive a coisa mal parada, com o cansaço-supremo a abater-se sobre o meu físico agastado...

Aparece, poucos minutos depois, num estado ainda pior que o meu... o Grand Lorenzo!!! Aquela torre de determinação tinha conseguido chegar á meta... e muito rapidamente... Mais do que determinação, Lorenzo teve lágrimas... com toda a certeza contaram-lhe lá fora a minha vã tentativa, e não se conteve...

Desata a chorar como um menino de 4 anos perdido no Colombo há 2 horas, e eu sem telefone para avisar os utentes que estava aqui um rapagão perdido na zona dos caldos de carne! Este claramente não olhou a despesas nas estações de líquidos, e deve ter bebido aos 5 e 6 copos de cada vez, para ter tanta água dentro dos olhos...

Depois do dilúvio, saímos em direcção ao sol... e deitámo-nos um pouco na relva, a disfrutar do feito... Ele de ter feito um feito, e eu de ter feito... merda! :P

Ao meu lado estava uma escocesa que ultrapassei na pista (juntamente com outros 300 atletas), a quem lhe fiz saber que tinha falhado por pouco... e que ela também...

Ela responde que já tinha feito 3h02, 3h01 e desta vez 3h00... nunca menos de 3h.
AAAAAhhhhhhh, nada como o desalento dos outros para nos sentir-mos logo melhores! :P

Mister Carmo entretanto liga para irmos ter com ele... "Correu benzito"... 2h47' - CÃO!!!


AS CAMPEONAS

As meninas, juntamente com o Leitão de Guarda, aparecem, contra todas as minhas expectativas, e sobretudo depois do que tinha acabado de sofrer, à hora marcada... 4h14, a apenas 1 km do estádio... Nem queria acreditar, como é possível...

Planeamentos de 12 semanas, com 5 a 6 treinos por semana?!?! ESQUEÇAM!

Eu vendo planeamentos de 5 semanas, com 2 a 3 treinos semanais... Vou abrir uma loja online inclusive!

Chegaram felizes e contentes, e com uma frescura a toda a prova, cortando a meta em 4h19'03'' o seu novo Personal Best (PB)!

Pelo caminho ainda encontro a amiga SSS (Susana "Sevilhana" Santos), vestida a rigor, de saia rodada, e que também por pouco não entrou no escalão sub-4h... ficará para uma próxima também ;)

Para o ano há mais... e se calhar até novamente nesta maratona... já que o novo percurso tornou ainda mais atractiva esta prova. 21 euros, organização do melhor, perto de casa (4h de carro) e muita gente na rua, dificilmente se poderá pedir mais.

Feita, ficou a preparação de corrida, para a época desportiva que se inicia... É agora hora de dar corda aos pedais, e às braçadas!


DASS

9 comentários:

Buli disse...

Parabéns, Dassilva!!! 3:00'24" é um ganda tempo!!! Para o ano bates o Mister Carmo!!

E ao menos lembras-te de chegar ao fim - ao contrário das minhas 3h03 na minha primeira maratona...

Os teus relatos são brutalmente hilariantes! Qualquer dia tenho de fazer uma prova contigo para ver isso tudo ao vivo :)

Espero que tenham encontrado os Dassilvinhas e Leitõezinhos vivos no regresso!

Abraço, boas celebrações e recuperação!

Nuno

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Parabéns Ricardo, quer pela prova, quer pelo brilhante relato. Está divino.
Parabéns também à restante comitiva.
Quanto aos 25", são um incentivo para a próxima.

Krepe disse...

O report da prova é de chorar (a rir) e sem precisar de copos. Não bateste as 3 horas hoje (ontem ou lá quando foi o raio da prova) mas fizeste-me perder uns bons 8 minutos de vida a ler tudo isto. Meteste a minha primeira maratona de 3h10 num saco (na próxima encarnação faço-a sem aquecer os 3,8km a ritmo de vómito e 180km de bike com o cóco na boca), pelo que estou certo que essa 2'59'58 chegará em breve à tua timeline! Boa recuperação e parabéns!

tudo_nice disse...

Obrigado camaradas de armas pelo apoio incondicional neste momento de dor...


:P

DASS

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Espetacular o relato, vou explorar o resto do blog (embora não goste dele, tudo por uma Sagres) ;)