terça-feira, março 29, 2005

6 HORAS DE GRÂNDOLA - O RELATO

Mais uma prova mais uma viagem...

As "6 horas de Grândola" neste momento, e sem qualquer tipo de parcialidade, é a melhor prova
organizada em Portugal (a par talvez da mítica Portalegre, que tem este ano, e a meu ver,
um preço demasiado elevado para quem como eu só queria lá ir fazer o percurso).

Pavilhão é espera dos participantes para fazer o check in ás bikes - este será o único ponto por onde alguém pode pegar. Se para o ano este check in for feito na zona da prova, então aí será perfeita - ainda assim, tudo muito bem explicado, incluíndo um mapa com o caminho a tomar para o local da prova.

Chegados ao local da prova, a nossa alma fica parva com tamanha demostração de empenho e organização por parte dos elementos do Rodas Clube. Fazia lembrar uma qualquer prova do circuito mundial, com os carros, perdão, os stands de apoio aos atletas desfilados ao longo da volta de consagração, não faltando sequer uma excelente ponte de madeira por onde os atletas ora passavam por baixo ora passavam por cima, e onde os fotografos puderam tirar algumas boas fotografias (principalmente aquelas em que eu apareço).

Haviam apoios para todos os gostos, desde a simples namorada a trocar bidons, até esquemas
avançados de apoio com lubrificação em andamento e massagens :)

A minha equipa, Holmes Bike Team (HBT), fez deslocar ao local, um especialista no mundo das 2 rodas, que para além de me ter de dar apoio, teve ainda de o fazer a mais 6 colegas meus e a 1 esquizofrénico que nós adoptados no seio da nossa equipa, e que deixou uma lista ao nosso apoio com cerca de 32 páginas de pedidos especiais e recomendações, desde os miligramas de isostar em cada 100 ml de água destilada, até à diferença ao segundo dos 30 atletas que seguem à frente e dos 50 atrás em cada volta... é doente, temos que lhe dar esse desconto!

Depois de fazer todas aquelas coisas que se devem fazer no dia anterior, tais como encher os
pneus, afinar travões e afins, lá fui colocar a bike no lugar ideal para quem, como eu, quer partir logo na cabeça da corrida. Guardei o mateiral que me ajudou nos cálculos para o ponto de saída
ideal, e juntei-me ao resto da equipa na zona do breefing.

Ponto alto do breefing: "QUEM MANDA NESTA PROVA SOMOS NÓS E NÃO OS 'SENHORES' DA FEDERAÇÃO!!!
clap clap clap

Por acaso gostaria de saber o que se passou para que palavras como estas tenham sido proferidas, inclusivé com membros da federação presentes, eu tenho as minhas suspeitas...

Terminado o breefing, lá nos posicionamos todos na linha de partida, cada um com a sua bike na retina, excepto eu que tinha uma bike de 5000 e muito euros na minha retina, e que obviamente não era a minha. Sorte a do dono, ter lá chegado antes...

Ainda houve alguma confusão antes do tiro de partida, uma vez que a arma da organização era
demasiado parecida com um revólver a sério, e os elementos da Federação da Volta a Portugal,
por causa disso, fizeram alguns reféns dentro do autocarro estacionado próximo da meta...

TUDO PRONTO??? PAAAAAMMMMMM

Devido à minha larga experiência em duatlos (1 participação) assumi desde logo as despesas da
corrida. Não, não parti na frente, assumi mesmo as despesas da corrida e prometi que passava o
cheque no final...

Devo ter saído da batedeira e entrado na 1ª volta para aí nos 30 primeiros, e o 1º single track foi feito a ritmo calmo, pelo menos a julgar pela cara dos outros, e não houve grandes hipóteses de ultrapassagens nesta parte.

Chegado á zona da maior subida, não terei perdido mais de 20 lugares, o que mostra bem da
maturidade ds nossos maratonistas, que já não se metem à maluca a dar tudo no início e depois
passados uns quilómetros estão "Ó mãe, Ó Tio..." - (para quem não percebeu eu estava a falar
de mim...)

A 1ª subida custa mas não perco lugares, e logo se inicia a descida, toda ela feita com elegância, agelidade, destreza, força, concentração e aproveitando cada milimetro que o single track tinha para oferecer... lembro-me de passar pelo menos 1 pessoa!

Cheguei depois aquele trilho junto à vedação, com algumas partes trialeiras, e onde mais uma vez a organização mostrou não esquecer nenhum pormenor, ao colocar numas pedras mais escorregadias que haviam pelo caminho, umas tábuas para não escorregarmos ao passar a pé com a bicicleta ás costas, impecável...

Seguiu-se depois mais uma zona rápida com alguma lama à mistura a fazer a delícia do meu pneu traseiro IRC Arregássor... e também do penu dianteiro Michelin Ondéquides... este um pouco mais gasto. Mantive a mesma classificação nesta parte, e até estranhei já estar tudo tão separado. Ou cairam atrás de mim e fizeram tipo um tampão ou eu estou a andar como o caraças - pensei eu.

A seguir apanhava-mos aquela subida que ia inclinando e depois tinha mais 2 topositos colados,
que foi aquela onde mais tempo passei... não por subir muito devagar, mas sim por subir mesmo
muito devagar... e era quando subia! Toda a gente deve ter em algum momento da prova reparado naquele rapaz de camisola branca e laranja que insistia em descansar, deitado, no meio da subida.

Imediatamente a seguir á subida tínhamos a descida potencialmente mais complicada (não para
mim claro, que sou ainda mais bonito a descer), e onde passei 5 vezes (sóóóóóóóóó) sem cair.

O resto, e praticamente até ao final, era a rolar a mais de 12 km/h com os cabelos ao vento. Existia depois já no "recinto" da consagração, uma rampazita que dava acesso á "Ponte Cavalo/Égua" que fez a delícia deste que vos escreve. Pena foi não terem tirado fotos. Não sei se já disse mas eu sou mesmo bom. Já disse? Ok. E é verdade!

Voltando um pouco atrás, mas já naquela última zona rolante, encontrei um colega de equipa, o
Jesus, que corajosamente e só como ele sabe fazer, se auto-motilou assim que pressentiu a
minha aproximação. Era escusado Jesus, eu sei travar e nunca te iria aleijar ao passar por
ti...tss tss

Mais ou menos nessa altura fui apanhado (a 1ª vez) pelo Prof.Dário que com tanto treino só
agora tinha apanhado um gajo que foi à bola - eu.

Devo ter passado no final da 1ª volta em 50º da geral... nada mau!

A partir daqui começaram as cãimbras e foi ir perdendo lugares até ao 100º lugar,
classificação que atingi no final.

Pelo meio passaram por mim, primeiro a Célia, depois a Catarina e por fim a simpática Sónia
que ainda acompanhei uns 10 metros :)

Levei 1 volta de avanço de 2 colegas de equipa que não andam nada (mas mesmo nada...aí se eu
treinasse 1 vez por semana...), e fiquei atrás do meu Presidente que mesmo com o Dossier da
equipa me conseguiu dar mais de 1 minuto no final...

Resultado final da minha equipa, HBT - Holmes Bike Team:
Prof. Dario - 32º (chegou à meia noite)
Nogat - 44º (vomitou-se todo)
Brandão - 55º (1 hora depois de acabar, não conseguia respirar e mastigar ao mesmo tempo)Presidente - 99º (Deixei-o ganhar)
"O Grande Ricardo" - 100º (no final, fazia mais 60 horas)
Jesus - ? Braço deslocado ?
Carlão - Arranhão hiper-superficial no dedo mindinho - desistiu...

Organização 40 estrelas, para o ano estou lá para lutar pelos lugares da frente... juro!!!

PARABÉNS A TODOS QUANTOS ORGANIZARAM E/OU PARTICIPARAM NESTE DIA MEMORÁVEL!!!
VIVA GRÂNDOLA!
VIVA O BTT!
VIVA O RICARDO!